segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
REVIRADA
O ano novo
Bota ovo
Em nossa testa:
O velho galo
Vibra
Em festa!
(Cris de Souza)
* Poema dedicado a todos os amigos.
sábado, 29 de dezembro de 2012
sábado, 15 de dezembro de 2012
domingo, 2 de dezembro de 2012
LIRA DOS DIAS ALTERADOS
segunda-feira
saindo da tumba:
retumba o dia
em penumbra
terça-feira à tona
o tempo prospera
feito pêra
em final de feira
quarta-feira às claras
carteando o dia
como carta branca
que o coringa extravia
quinta-feira
de quina pra lua
queda a arte de rua
em esquina de estrelas
sexta-feira soa
signo semibreve:
lebre à flor da pele
ressoa em febre
sábado sagrado
em súbito festim
o sol nasce de salto
pra se pôr em botequim!
domingo em campo
interno limbo:
rola a bola de tédio
feito pedra de bingo
(Cris de Souza)
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Poeminhas em cartaz
(Paul Klee)
Quebra-cabeça
De quando em quando
Querência à beça
Queda em qualquer peça
Parecer
Rente a um colapso
Um lapso de memória:
Revela outra história!
Correspondência
Pego o bonde
Onde o ponto
De fuga me corresponde
(Cris de Souza)
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Poética para rota ondeante
Fotografia: Cris de Souza/Vila Velha
Quadrante
Como
remar
Sem o marujo
Sendo o mar
Nosso refúgio?
Sem o marujo
Sendo o mar
Nosso refúgio?
Trinca
Nascem cavalos
Onde o sol
Morre marinho?
Onde o sol
Morre marinho?
Dístico
Navegar
na rede,
Ou computar no mar?
Ou computar no mar?
(Cris
de Souza)
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Metapoeminhas
Montagem: Vinícius Cavalcante
I
nerudiando
ando entre cerejas
desde que o amor
me cheira a barranco.
nerudiando
ando entre cerejas
desde que o amor
me cheira a barranco.
II
drummondear
na rima firme
para teadorar
em verso-mar!
drummondear
na rima firme
para teadorar
em verso-mar!
III
se vento
me quintaneia
roubo-te o voo
passarinho!
se vento
me quintaneia
roubo-te o voo
passarinho!
IV
em aros de letras
renovam-se
as borboletas
na costela de barros.
em aros de letras
renovam-se
as borboletas
na costela de barros.
V
leminsqueio
o dia
e me poemo
desagonia.
leminsqueio
o dia
e me poemo
desagonia.
VI
devaneio
nos buarqueais
de meu siso
quando vejo
verde mar.
devaneio
nos buarqueais
de meu siso
quando vejo
verde mar.
(Cris de Souza &
Joelma Bittencourt)
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
DEDICATÓRIA
Arte: Beti Timm
(a Lima Barbara)
Entre tanto barbarismo
Bárbara a voz
A brincar entre os nós
Na garganta
Como se ainda
Fosse criança
E dançasse ciranda
Com a sombra
De ouvido
Sobre a louça
A fazer cera
A palavra acesa
Sem apaga dor
Paga pra ver
Por maior que seja:
O pormenor?
Circular
A língua
A dar sopa:
Um carrossel
Corre o céu
Da boca!
Toda via
Par seria
Se a sós
Fosse ímpar
A sintonia?
(Cris de Souza)
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
TRILORGIA
(Van Gogh/O Bordel)
Que zona é essa?
uma puta
palavra
a palavra
puta
não cala
a pauta:
a prostituta!
Normalista
filha
da culta
dentro
da forma
mete
a língua
fora
da norma
Bordel de bardo
a rima obscena
acena para a verso
que fode com o poema
(Cris de Souza)
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Observações sobre enquadramento de acaso
Fotografia: Cris de Souza
Pictórico
acender a pira
acender a pira
que inspira
o pergaminho
evoca a cor
do descaminho?
Augúrio
o pergaminho
evoca a cor
do descaminho?
Augúrio
em delírio
o voo
dos cílios
mergulhar
em deslumbre
é suicídio?
Desígnio
se toda pedra
fosse fascínio
de safira
de topázio
de róseo quartzo
lançaria-se
o pássaro
ao perigo
lapidado?
de safira
de topázio
de róseo quartzo
lançaria-se
o pássaro
ao perigo
lapidado?
(Cris de Souza &
Joelma Bittencourt)
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Duas orações insubordinadas
(Desenho: Luiza Maciel Nogueira)
AVE-POESIA
Ave-poesia, cheia de farsa!
Ave-poesia, cheia de farsa!
O plagiador é convosco
Perdida sois voz entre as verves
E prescrito é o surto do vosso ventre sem luz
Santa poesia mãe de adeus,
Rogai pos nós os profanadores
Agora e na hora de nosso mote.
Além!
Perdida sois voz entre as verves
E prescrito é o surto do vosso ventre sem luz
Santa poesia mãe de adeus,
Rogai pos nós os profanadores
Agora e na hora de nosso mote.
Além!
ORAÇÃO DO VERSO NOSSO
Verso nosso que estais ao léu
Conjugado seja o vosso pronome
Venha nós o vosso acento
Seja feita a vossa pluralidade
Assim no teclado, como no papel
O verso nosso de cada dia nos dai hoje
Perdoai-nos as nossas reticências
Assim como nós perdoamos o hiato estendido
E não nos deixeis cair em interrogação
Mas livrai-nos do ponto final
Hífen!
(Cris de Souza)
domingo, 29 de julho de 2012
Notas de improviso para arroubos de cristal
Foto: arquivo pessoal
a Cris de Souza
I
felino
jeito
de falar
cristalino
gesto
de gostar
gentileza
de tigresa
jeito
de falar
cristalino
gesto
de gostar
gentileza
de tigresa
II
vovó
sabia
o que
fazia
encheu
de brisa
a cuca
da menina
sabia
o que
fazia
encheu
de brisa
a cuca
da menina
III
endoidecida
em goles
de madrugada
vaga
em goles
de madrugada
vaga
pela lua
inspirada
inspirada
IV
é na moita
que crisântemo
exala a real
essência
que crisântemo
exala a real
essência
V
catar-se
a caminho
da catarse
confim
crucial
a caminho
da catarse
confim
crucial
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Poética do Presente
(Magritte)
(a Pavak)
Muito a meditar
águia a voar
ária de idílio
em cílios do mar!
Ele mentar
solo benigno :
astro solar
só lar de signo
Endeusamento
zeus me desculpe
o gosto
pelo desfrute
brindo a baco
em burburinho
por borbulhar-me vinho!
(Cris de Souza)
* O Homenageado é aniversariante do dia. Parabéns, querido!
terça-feira, 17 de julho de 2012
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Quatro poeminhas de bolso
(Rene Magritte)
Indicação
Poeta bom pra tosse
É aquele que torce
Contra o leitor-xarope
O troco é teu
Meto a língua
Onde não devo
E calo pra ler!
Cera
Mas que raios!
Um papagaio
Assovia em meus ouvidos:
Não seja repetitivo!
Não seja repetitivo!
Não seja repetitivo!
Encarnação
Quando a inspiração
Se esconde no porão
É pra encarnar assombração?
terça-feira, 5 de junho de 2012
Oficina fotográfica
(Foto: Cris de Souza/Ondulada)
Marco de quê?
ora,
tudo azul
ronda
o mar
que desanda
no vai-e-vem
dessa onda
sonora
a memória
tomba:
tromba
d’água!
(nada
que
responda)
- Cris de Souza –
domingo, 27 de maio de 2012
Variações em volta de nós
(Man and woman/ Joan Miró)
Furada
eu, a tona
tu, a toa
nós: canoa
Levada
quase me leva
no bico
ou brinco que fico?
Papelão
o eu lírico
passa
por isso
mesmo:
nós a esmo.
(Cris de Souza)
sábado, 28 de abril de 2012
Poema a quatro mãos
Marcantonio, Noturno, arte digital (com interferência tonal de Cris de Souza).
Curto interno
Na tomada de consciência
Na tomada de consciência
tomo experiência
em apagão
Se me choca o sentido
tateio o desconhecido
seguindo o fio
da interrogação.
(Cris de Souza & Marcantonio)
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Canto de fé cavalgada
(Pintura: Antonio Remo)
quando a lua me atiça
de labaredas e luar
riçando o olhar
a desfiar devoções
invocando dragões
deidades atávicas
que nenhuma gramática
é capaz de sonhar
empunho a lança
lanço-me extravios
em vias que porfio
feito guerreiro de luz
que pro silêncio
não dá as costas
salvo e são para Jorge
de Capadócia!
(Assis Freitas & Cris de Souza)
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Ilustração
(dedicado a Tuca Zamagna)
I.
face de tigre
a devorar
feito a outra
face de esfinge
de todo finge
se decifrar?
II.face de esfinge
a decifrar
feito a outra
face de tigre
de todo finge
se devorar?
(Cris de Souza)
terça-feira, 10 de abril de 2012
Lira que sibila
I.
disfarça-se
a voz
púrpura
pura em fissuras
arvoradas
entre versos
alheia à brancura
de um gesto
impresso de olor
II.
a voz
púrpura
pura em fissuras
arvoradas
entre versos
alheia à brancura
de um gesto
impresso de olor
II.
lanho de flor
carnívora
onde víbora
a língua
se ostenta
em oferenda
onde a presa
se emenda
aos fonemas
onde reina
a armadilha
destas sílabas:
sina!
carnívora
onde víbora
a língua
se ostenta
em oferenda
onde a presa
se emenda
aos fonemas
onde reina
a armadilha
destas sílabas:
sina!
(Cris de Souza
& Joelma Bittencourt)
quarta-feira, 28 de março de 2012
Poemas de correr o risco
(Foto: Cris de Souza/ Sei de Cór)
Infundável
entre nós
o eu lírico
não afunda
refunda sim
os sete mares
por dois pares
de asas juntas!
Guarda
(sem licença poética)
a cada verso
uma rota
a cada rota
uma rima
na escolta
Pode ser senha
um ai
a mais
sobre
os sais
dobre
o silêncio
sem cais
Respingos de cabeceira
ave!
o poeta
a ver navios:
majestoso
mar
de se caber
maltrapilho
rio
de se conter
(Cris de Souza)
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Canto dobrado para um quase carnaval
(Pintura: Giandomenico d'mola)
no meio de confetes e
serpentinas
teu corpo vacilava uma valsa
teu corpo vacilava uma valsa
alçava fantasias
repentinas
eu vertia copos de
fatalidades
dados ao brindes das
veleidades
em embriaguez e descompasso
em embriaguez e descompasso
eras uma felicidade tão
espontânea
que desconcertava a travessura do
arlequim
nas dobras douradas de
alecrim
(Assis Freitas & Cris
de Souza)
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